Como Escolher a Felicidade: Reflexões sobre Vida Emprestada e Plenitude
Decidindo Ser Feliz: A Vida Emprestada e a Busca pela Plenitude
Crónica: A Vida Emprestada
A partir de agora, vou ser feliz. Decidi, num impulso quase infantil, que a felicidade deve ser um estado de espírito, uma escolha quotidiana, e não uma miragem que vagueia distante enquanto eu, presa à rotina, me deixo levar pelo peso das obrigações. Olho para o espelho e, em vez de ver uma mulher cansada pela vida, vejo uma aventureira pronta para abraçar o desconhecido. Afinal, a vida foi-me emprestada, como um livro que não escrevi, mas que tenho a oportunidade de preencher com as minhas próprias páginas.
Em cada amanhecer, recordo-me que o tempo é um bem escasso e precioso. Já ouvi dizer que a vida é como um fio de água entre os dedos – quanto mais tentamos segurá-la, mais rapidamente se escapa. Por isso, pego nas rédeas da minha existência e, num acto de bravura, decido que não posso esperar. Nunca se sabe quando a vida vai ser retirada, como um agrado ou um castigo que não conseguimos prever. E logo me vejo a pensar nas horas que passei a procrastinar, nas oportunidades que deixei escapar, nas palavras que não disse e nos abraços que não me atrevi a dar.
Agora, cada instante conta. Vou sorrir mais, dançar na chuva sem medo de me molhar, dizer "não" quando sinto que não quero. Em vez de me perder nas queixas e na amargura dos dias cinzentos, vou redimensionar a minha visão sobre o que é a felicidade. Não se trata apenas de grandes conquistas, mas dos pequenos momentos que criam a nossa história: um café ao sol, uma conversa despretensiosa, um olhar cúmplice.
E, assim, vou explorando os labirintos da vida, saboreando cada passo, cada escolha. O presente é um presente; a gratidão é a chave. A vida emprestada ensina-me que não posso deixar para amanhã o que posso abraçar hoje. E, na verdade, talvez a felicidade não seja um destino, mas sim uma forma de viajar. E eu decidi que quero viajar com leveza, com o coração aberto, sempre atenta ao murmúrio da vida que me rodeia.
Portanto, deixo a tristeza de lado e, a partir de agora, vou ser feliz. É uma decisão que não requer permissão a ninguém. É daquelas que se fazem num instante e que podem mudar toda a história. Porque, a cada dia que passa, lembro-me: a vida é um respirar profundo, uma dança sob as estrelas, uma oportunidade de deixar o meu legado na história daqueles que amo. E se algum dia me for retirada, que ao menos eu tenha vivido a plenitude que me foi concedida, com a convicção de que a felicidade, essa companheira volátil, era minha desde o início.
Comentários