Presidenciais 2021

Presidenciais 2021


O governo-semáforo emite luz verde para o dia de hoje, para que as eleições presidenciais em Portugal possam decorrer no pico da pandemia. 

Para tal teve que suspender o Estado de Emergência e o confinamento por um dia. O Estado de Emergência permite a adopção de medidas como a suspensão ou restrição de determinados direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.

Também prevê o confinamento obrigatório. Diariamente, os cidadãos não podem circular em espaços e vias públicas, e devem permanecer em casa, excepto para deslocações autorizadas, como é o caso das eleições. 


Também é curioso verificar que as escolas encerraram na passada sexta-feira, com suspensão lectiva, por um período de quinze dias, mas reabriram hoje para as eleições presidenciais. 


Amanhã voltarão a vigorar as restrições e a luz do semáforo poderá oscilar entre vermelho e roxo. 

Gostaria que na verdade não houvesse nenhum novo infectado resultante do processo eleitoral. A luz roxa também serve para lembrar todos aqueles que foram vítimas de covid-19 e que neste momento lutam para conseguir respirar. Muitas das vezes dependem da ajuda do ventilador.


O voto é secreto e universal. É um direito de cada cidadão. Votar deveria ser uma obrigação. Mas votar em plena pandemia, num país devastado pelo número de infectados, e pelo número de mortos, já não deverá ser nenhuma obrigação nem sequer um direito. 

Entre o direito de votar e a obrigação de me proteger contra um vírus maldito faço a minha própria escolha. 


Foi da responsabilidade do Sr. Presidente da República Portuguesa a marcação desta data para as eleições presidenciais. Espero que não se arrependa tardiamente, à semelhança do que ocorreu no Natal. No Natal, e nos escândalos de Tancos, Pedrógão, Borba, SEF, ou do Procurador Europeu.

No caso do SEF procurou-se indemnizar a família da vítima, No caso do SEF procura-se extinguir o serviço, no caso de Tancos as armas apareceram sem explicação, em Borba abriu-se um inquérito, em Pedrógão desviaram-se os fundos sem que tenham chegado às vítimas nem tenham regressado aos doadores.


A Constituição da República Portuguesa não permitiu o adiamento das eleições presidenciais portuguesas, mas também não impedirá o aumento do número de infectados com a covid.


Só a morte é que não pode ser adiada e os impostos com alguma negociação poderão ser prorrogados.


Os portugueses foram incriminados pelo aumento da pandemia no período do Natal. Culpa também assumida pelo Sr. Presidente da República.


Amanhã o semáforo irá passar a luz roxa mas provavelmente o governo não terá coragem de responsabilizar novamente os portugueses pelo aumento da pandemia. Quem irá culpar desta vez?


Por outro lado, estas eleições foram pouco democráticas porque milhares de eleitores ficaram impedidos de votar devido à pandemia e outros sentiram-se ameaçados pelo vírus. 


Qual o herói que desafia o vírus da covid para agir em nome da democracia? Nem os heróis do Ultramar, cujo número de vítimas já foi ultrapassado pelos números desta pandemia.


Sair de casa a um Domingo para exercer o direito de voto num cenário de guerra invisível parece ser mais consensual do que sair à rua com uma trela na mão para passear o cão que não existe. 

Se durante a manhã esteve um sol tímido convidando as pessoas ao voto, a chuva caiu com força da parte da tarde, tal como o governo-semáforo. 


As eleições presidenciais têm no boletim de voto o primeiro candidato que não foi a votos, porque a sua candidatura não cumpriu as regras e portanto não foi admitida.

Mas o boletim de voto não menciona o candidato que foi a votos: o coronavírus.


Tudo indica que a abstenção será a mais elevada de sempre registada na história de Portugal.

Uma abstenção marcada pela pandemia, mas também pelo facto de se tratar da segunda candidatura consecutiva do presidente em funções, onde tudo aponta para que voltará a vencer estas eleições, embora com número reduzido de votos efectivos devido à abstenção. E não é sabido se terá que recorrer à segunda volta.


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24-Jan-2021


João Pires


João Pires



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